(English version below)
As pessoas costumam elogiar meu trabalho, a dedicação nos detalhes, sutilezas, etc. Preciso dizer que a paixão que eu tenho por criar, seja o que for, games, livros, instrumentos musicais, é ainda maior por conta de toda a luta que eu tenho para seguir me dedicando as artes. Viver de arte, para um reles mortal, é quase impossível no Brasil. Ainda assim eu tento, e tenho conseguido, pagando o preço de não ter tempo pra mais nada, e não sobrar gana pra mais nada além da sobrevivência e manutenção do trabalho.
Aos 28 anos eu larguei o emprego de bancário, concursado, no Banco do Brasil, para cursar Artes Visuais na UDESC, um curso que exigia o dia todo livre (não é feito pra quem precisa trabalhar). Muita gente me achou louco e desequilibrado (quando era o contrário, poderei muito sobre a vida e a sociedade antes de tomar essa decisão, apesar de precisar sim estar no limite para tomar a coragem) Melhor coisa que fiz da vida, pois de lá pra cá produzi 100 vezes mais do que tinha produzido em arte até aquele momento.
De 2014 a 2018 sobrevivi como professor efetivo e concursado de Artes na escola pública. Novamente, pedi demissão para me dedicar ao trabalho de criação de games, e sobrevivo com os trampos freelancer (bicos) de pixel artista somado a venda dos games que desenvolvo.
Então, a paixão e dedicação que eu coloco no que crio, vem em parte disso tudo. Eu sei bem, porque sinto na pele o sacrifício, os desafios, e o quanto precisei encarar o medo e me jogar no abismo do desconhecido para poder fazer as coisas do meu jeito, ao meu ritimo. Pq dá muito medo, amolece as pernas, mas covarde ou preguiçoso eu nunca fui, e se quero fazer algo, eu pego e faço, do meu jeito, criando os materiais e condições que me são possíveis ao meu redor.
Tá aqui minha mensagem de fim de ano. Tem momentos que é melhor se jogar no abismo, por que é melhor do que ficar apenas o encarando enquanto ele olha de volta para você.
Imagem: tela do meu game "O Purgatório de Virgílio", o abismo antes de enfrentar seus medos (os tradicionais chefes de fase dos games)
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English:
People often praise my work, the dedication to details, subtleties, and so on. I must say that the passion I have for creating—be it games, books, or musical instruments—is fueled even more by the constant struggle I face to keep dedicating myself to the arts. Living off art, for an ordinary mortal, is nearly impossible in Brazil. Yet I try, and I’ve been managing, at the cost of having no time for anything else and barely any energy (or money) left beyond mere survival and maintaining my work.
At 28, I quit my job as a bank clerk, a stable position at "Banco do Brasil" (Brasil Bank), to study Visual Arts at UDESC, a course that demanded full-time availability (not designed for those who need to work). Many people thought I was crazy and unbalanced (when in fact, it was the opposite—I reflected deeply on life and society before making this decision, even though I had to be at my limit to muster the courage). It was the best decision of my life, as I’ve produced 100 times more art since then than I had created up until that point.
From 2014 to 2018, I survived as a tenured Art teacher in public schools. Once again, I resigned to dedicate myself to creating games, surviving on freelance gigs as a pixel artist combined with the sales of the games I develop.
So, the passion and dedication I pour into what I create come partly from all this. I know it well because I’ve felt the sacrifices, challenges, and the fear I had to face to leap into the unknown to do things my way, at my pace. Because it’s terrifying, it makes your knees weak, but I’ve never been a coward or lazy. If I want to do something, I go and do it—my way, crafting the resources and conditions I can with what I have around me.
Here’s my year-end message: sometimes, it’s better to jump into the abyss because it’s better than just staring at it while it stares back at you.
Image: A screen from my game "Virgil's Purgatory," the abyss before facing your fears (the traditional boss fights in games).
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