O primeiro dia de aula...
Dizer que a educação estadual está sucateada é senso comum, mas ver isso de dentro é elevar a situação ao quadrado. Levarei alguns dias para dizer tudo sobre este um dia. Mas hoje vou me ater a um sentimento que foi forte, que abate o professor em sala de aula, e do qual nunca haviam me falado: a solidão.
É solitário estar na figura do professor. É solitária a relação com a direção, que trata o professor, em primeiro lugar, não como educador, mas como um "empregado", um possível "vagabundo" que a priori não tem responsabilidade e fara de tudo para matar serviço. Não há relação de pertencimento aqui.
É solitária a relação com os colegas professores, com quem temos muito pouco contato, apenas alguns minutos antes das aulas, e durante o curto intervalo. Nesse contato, sobra tempo apenas para reclamar das mazelas de ser professor, algo que não chega a lugar algum, e a mim não serve para me reconhecer diante do colega.
É solitário na sala de aula, onde existe um abismo entre professor e alunos. Essa solidão tem solução, com muito trabalho de "convencimento" dos alunos a se interessarem pelas atividades que você propõe, e virá apenas depois de alguns meses. Mas a instituição "escola" não contribui para ela. Os interesses dos alunos são uns, o do professor são outros, sendo que os primeiros estão ali por obrigação (e os segundos não?).
Se os interesses não convergem, não há pertencimento, e somos solitários. A instituição "escola moderna", que nasceu com a modernidade histórica, é feita para nos por em situações de "obrigatoriedade", de falta de escolha dos interesses. Não há como culpar a falta de interesse dos alunos nesse ambiente. Ao professor fica a tarefa difícil de "convencer" os alunos que seu conteúdo é "importante" e interessante.
Uma de minhas tarefas, como professor, é não terminar o ano me sentindo só. Em relação a estrutura escolar, aos colegas e direção, não tenho esperanças. Minha aposta é nos alunos. Terminar o ano com interesses convergentes não significa que apenas os alunos devem ser convencidos do meu desejo, mas que eu terei de me abrir aos desejos e interesses deles, para acharmos o ponto de convergência e não nos sentirmos solitários.
Uma de minhas tarefas, como professor, é não terminar o ano me sentindo só. Em relação a estrutura escolar, aos colegas e direção, não tenho esperanças. Minha aposta é nos alunos. Terminar o ano com interesses convergentes não significa que apenas os alunos devem ser convencidos do meu desejo, mas que eu terei de me abrir aos desejos e interesses deles, para acharmos o ponto de convergência e não nos sentirmos solitários.
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