terça-feira, 11 de março de 2014

JUSTO...

Se eu me proponho a colocar os alunos no real de Lacan, lá onde a falta nos move na busca que é o motor da criatividade, então nada mais justo que me jogar no desconhecido. Quando pedi aos alunos que conseguissem um desenho apenas com contornos de uma criança de 3 a 6 anos, eu sabia que nem todos conseguiriam. Uma tarefa inusitada, que nunca passaria pela cabeça de qualquer um que seu professor viria com tal pedido. Mas assim é a vida, assim é o real, e assim é a falta que move a criatividade. Além de exercício sobre volume, fases do desenho infantil, retomada do desenho com uma maioria de alunos que já parou de desenhar.

Pedi a uma amiga dois desenhos de seus filhos, encomendados especialmente para mim. No real é assim: o imprevisível, além do que dependemos do diálogo de nosso desejo com o desejo de outros, no caso, o meu, de minha amiga, e das crianças. Ainda não consegui os desenhos, mas sem desistir, tive de pegar desenhos da internet para continuar a atividade com os alunos. Se eu posso pegar desenhos da internet para colorir, nada mais justo que fotocopiar estes para os alunos que não conseguiram o desenho das crianças também terem algo para colorir. E assim procedi. Os desenhos que colorimos são de autoria compartilhada: são de quem desenhou, e de quem coloriu e criou em cima.

Só consegui refletir as questões destes parágrafos por que parei para escrever-los. E esse é um dos motivos por que um diário é importante: ele não é um fim, mas processo que permite a reconstrução de ideias. Se ele for a/r/tográfico, e dialogar texto e imagem, melhor ainda, pois possibilita a articulação dos dois hemisférios do cérebro (o da imagem e o da linguagem abstrata), ampliando ainda mais as possibilidades de reflexão.

Querem ver que bonitos os desenhos que colori?


Fonte da imagem original:


Fonte da imagem original:



Nenhum comentário:

Postar um comentário