Infelizmente não rolou... a ideia com o filme "Vermelho como o Céu" era assistir com os alunos do CEJA, e depois realizarmos uma narrativa sonora (concepção, sonoplastia, gravação e edição). Mas o tempo era curto, e eu e os alunos estávamos cansados... nem por isso nosso tempo juntos foi em vão.
Preciso retornar umas semanas e fazer uma síntese avaliativa de meu retorno da greve. Depois das frustrações com sindicato e com o resultado da greve, restou juntar os caquinhos das aulas e adaptar o planejamento, e tenho de confessar: não me senti nem um pouco feliz com minhas aulas. Me senti desestimulado, sem energia, massacrado em minha categoria de trabalhador, e sem a mínima vontade de me preparar para as aulas. Fiz as contas do quanto recebia em dinheiro de fato, do quanto gastava em gasolina, materiais, levando meus instrumentos musicais e aparelhos eletrônicos pra escola (computador, monitor), dando a devida manutenção em tudo, e no tempo gasto nas preparações de tais materiais, e me senti arrasado. Senti que pessoalmente não valia a pena, não economicamente. Tudo isso me desestimulou muito. Desde então estou incomodado e infeliz com minhas aulas, e por tanto resolvi repensar todos meus planejamentos. Já cheguei a algumas conclusões e logo falo delas nas próximas postagens.
Quanto ao CEJA, foi bem bom de trabalhar. 5 Aulas faixas na semana, condensadas, é muito bom pra realizar projetos de arte de longo prazo. Infelizmente a narrativa sonora não saiu: eu e os alunos estávamos cansados, e fizemos uma reposição de aulas condensada em uma semana (aulas todas as noites, a noite cheia). As frequências dos alunos estavam intermitentes, logo ficou difícil fazer um trabalho em sequência, então desisti e terminamos assistindo filmes e contextualizando eles estética e historicamente. Nesse ponto a maior dificuldade eram os filmes legendados: alguns alunos tem dificuldade com a legenda, e foi melhor levar filmes dublados. Os filmes que vimos:
- Rebobine por favor - um filme legal pra pensar na tênue linha entre ficção e realidade, e em como se pode falar de "verdades" a partir de uma ficção, desde que essa ficção seja construída coletivamente, abarcando os diferentes desejos das pessoas em um objetivo comum. Bem legal pra pensar as questões de arte relacional.
- Tempos modernos - Um clássico do cinema, muito bom pra se discutir o contexto histórico, com seu humor que faz com que nos identifiquemos com "os perdedores" e não com os opressores. Além disso muitos exemplos estéticos interessantes como cinema: usando os recursos disponíveis a um áudio visual apenas nos momentos em que elas contribuem para a construção da narrativa. Por exemplo, já repararam que poucos personagens tem voz e falam no filme? Já se perguntaram que são esses personagens? revendo o filme ficou claro que a escolha de tais personagens falarem, e outros não, tem um propósito...
- Uma história de Amor e Fúria - Animação nacional que conta a história dos "perdedores" da história do Brasil, misturando contextualização histórica, lendas indígenas, e ficção (a história vai do descobrimento até um futuro distópico). Ótima animação.
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