Tem uma reflexão que eu estou a algum tempo aqui maquinando, e ainda não se esgotou, mas acho que cheguei a alguma conclusão parcial. Vou citar aqui palavras recentes do Filipe Veiga no facebook:
"Criar jogos digitais não é só escovar bits e bytes. Pode-se ir além do jogo virtual que reside na memória de um dispositivo electrónico e entrar no mundo físico, criando itens artesanais que representem elementos desse mesmo jogo. Como xilogravuras para impressão de folhetos ou fanzines, bem ao estilo da Literatura de Cordel - que, por acaso, é um elemento de O Purgatório de Virgílio. Aqui está um post de um criador que integra o digital e o real nas suas produções."
A reflexão que tenho feito é sobre tudo que faz parte do meu trabalho de criar jogos que está fora do jogo em si, que extrapola os "bits e bytes" que o amigo menciona. Me refiro a aquilo que eu falo, que outros falam, e que eu mostro dos jogos. Tem pessoas, vou dar o exemplo de meus pais, que conhecem meus jogos não por jogar, mas por aquilo que eu escrevo a respeito, que outros escrevem, pelos vídeos que eu publico mostrando trechos, gifs animadas, imagens, música,s e tudo o mais.
Existe então uma narrativa que faz parte da narrativa que está no jogo, mas que é alimentada de fora, que é criada até pra além do meu controle. Antigamente, e sem pretenções artísticas, podemos pensar que o manual de instrução, com desenhos, compelmento da história do jogo, era um exemplo disso. Quando eu sigo criando mais coisas a partir do jogo, como as gravuras de O Purgatório de Virgílio, o boneco e a placa cerâmica do Golem de Devwill, etc, é uma continuidade, é parte, do trabalho de arte que se encontra no jogo.
Agora, mais consciente disso, eu pretendo fazer mais experiências a respeito, criar propositalmente narrativas sobre o jogo que estão fora dele. Espero em breve por isso em prática, e fazer um jogo curto que eu vou explorar uma narrativa para além do jogo, mas que no final das contas é parte dele.
Nenhum comentário:
Postar um comentário