quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Games dos alunos - Observações particulares.

Observações particulares...



Sobre os games que eu e meus alunos do Ensino Médio produzimos, se você é novo no Blog, leia as postagens anteriores para saber mais a respeito.

Como uma atividade experimental eu não poderia prever os resultados de cada uma de minhas escolhas para a proposta. É exatamente por isso que é imprescindível parar e refletir a respeito dos caminhos que estas escolhas nos fizeram trilhar.

Como introdução: já falei que eu fiquei surpreso com o fato dos alunos conhecerem a maior parte dos personagens de games, ou os próprios games específicos, do final dos anos de 1980 e meados de 1990? Daquele vídeo que eu mostrei, Mário, Sonic, Crash Bandicoot, Donkey Kong e Street Fighter foram unanimidades. Todos os alunos, nas 3 turmas, verbalizaram durante o vídeo que identificavam os personagens e games. Em menor número, mais ainda notável, vários conheciam games e personagens de Mortal Kombat, Metroid, Pong, Pack-man, Megaman, Zelda, entre outros. Só os mais "nerds" que conheciam games das últimas gerações de video games, como Assassins Creed, GTA, entre, Bioshock, entre outros....

Além do vídeo "resumo" da história dos games, eu mostrei vídeos específicos de games de plataforma de visão lateral (side-scrolling). Comecei com Super Mário Bros do NES, de 1985, e mostrei outros, como Donkey Kong, etc. Alguns games com diferentes gráficos: uns de desenho infantil, outros com captura de atores, entre outros, para mostrar possibilidades gráficas aos alunos. Conversamos um pouco sobre cada exemplo. Ainda, digno de nota, a unanimidade das unanimidades foi sim o Mário de 1985, que quase todos os alunos diziam ter jogado (e alguns diziam que nunca passaram do primeiro mundo do game). Mas vamos ao primeiro dos 3 games dos alunos:

Turma 13 - INDIANA JOÃO


A turma 13 começou já com algumas idéias definidas: queriam um personagem e cenários do local, da Barra da lagoa. Aos poucos ganhou forma a ideia de um pescador que sairia em uma aventura em busca da "tainha de cristal". Alguém tinha listado algumas idéias com relação a uma bruxa, mas em especial que a bruxa não fosse retratada meramente como vilã. Ao final juntamos algumas das ideias iniciais sobre os objetivos dos personagens. Listamos também alguns vilões e inimigos para o game: um tubarão antropozoomórfico, o pescador com boné, carangueijos, e cenários: o farol da Barra, a ponte (não ficando claro se da cidade ou do bairro), e uma caverna onde se encontraria o tal tainha de cristal. também ficou definido que quem daria ao pescador a tarefa de encontrar a tainha seria a bruxa, e como recompensa ele ganharia alguma recompensa (dinheiro foi cogitado).



Equipe dos cenários: essa equipe produziu muito bem realizando desenhos coloridos com lápis de cor, giz de cera, e cola colorida. O toque de "desenho infantil" ficou legal para o game. Me deu algum trabalho separar o que era "primeiro plano" (em geral o chão onde o personagem pisa) do plano de fundo para o game. Tentei explicar para eles como funcionaria, mas grande parte do trabalho de separação eu fiz em casa. Também tive de aumentar a saturação das imagens para realçar o pardo colorido do lápis de cor.





Equipe dos personagens: também produziram bastante, definindo e desenhando o personagem principal e o vilão final do game. Os desenhos ficaram a lápis, em preto e branco. Pra digitalizar deu um trabalho, tive de passar canetinha preta no contorno dos desenhos pra que o escaner conseguisse pegar o desenho.

Equipe da música: Como poucos alunos sabiam tocar algum instrumento musical eu levei o Nintendo DS com o programa Mario Paint Composer para eles fazerem as músicas. Como só um aluno pode mexer por vez no aparelho, acabou que poucos participaram, a maioria ficou de bobeira pela escola.


Efeitos sonoros: No primeiro dia entreguei pra eles meu telefone celular e pedi pra eles saírem pela escola tentando gravar sons que pudessem servir ao game. Não deu muito certo. No segundo abri a sala de informática e mostrei para eles alguns sites onde se pode buscar e baixar efeitos sonoros (sons ambientes, de objetos específicos, etc). Eles conseguiram alguns poucos sons, mas de resto eu tive de fazer em casa.

No geral as equipes dessa turma tiveram boa participação, e foi legal deixar eles soltos pela escola escolhendo em que espaço trabalhar. No dia de jogarmos o game eles curtiram bastante jogar seu game e o game das outras duas turmas. Visualmente ficou um game bem legal. O nome do game não ficou definido, então eu acabei escolhendo esse nome por causa da referência da "caveira de cristal" de filmes de aventura do tipo Indiana Jones.

Sei que para o leitor pode não interessar tantos pormenores, mas como esse blog é um amálgama de diário e publicação ele acaba também servindo de espaço de rememoração: é nele que eu lembro de detalhes e é no ato da escrita que chego também a novas sínteses e conclusões. Em breve, os outros dois games e minhas críticas e reflexões sobre estas e para atividades futuras.

Lembrando que os games estão disponíveis em:
http://gameartesescola.blogspot.com.br/

Games dos alunos - Planejamento

Seguindo pelo planejado...



Hoje começo a relatar e refletir mais detalhes sobre a atividade de elaboração de games com as turmas de primeiro ano do Ensino Médio nas aulas de Artes. Eu vou dividir tudo isso em 3 postagens: planejamento/geral; observações particulares; e reelaborações. Os games estão disponíveis para download no blog: http://gameartesescola.blogspot.com.br/


Planejamento/geral:


Primeiro, quero falar daquilo que ocorreu de maneira similar com as turmas, e dentro do esperado. Em síntese, a atividade aconteceu dessa forma:

- Em um primeiro encontro (aula faixa) eu falei a respeito de minha proposta para a atividade, passei alguns vídeos de games retirados do youtube, e conversei com os alunos sobre o que era possível de ser feito. A princípio pensei em passar algum documentário sobre a história dos vídeo games, mas no entanto, todos que assisti são chatos e lentos, não tem anda da dinâmica da forma de um game. Por isso que eu escolhi passar pra eles esse vídeo aqui: 


Como um vídeo-clip, cheio de flashes rápidos e dinâmico, o vídeo encadeia meio segundo de cada um dos games mais famosos de cada geração de vídeo games em ordem cronológica. Pra meu espanto, e pra ver como subestimamos os alunos as vezes, a maioria dos alunos conhecia os principais personagens consagrados da terceira (8-bit), quarta (16-Bit), e quinta geração (Playstation 1 em especial) de vídeo games, mesmo estes sendo parte de minha infância e adolescência, e não da deles. Nesse momento eu soube que eles curtiriam sim fazer um game de plataformas bidimensional, um "side-scrolling", dentro de minhas possibilidades (eu só sei fazer games em um programa chamado Arcade Game estúdio, que é limitado para esses tipos de games do final dos anos de 1980, muito intuitivo e que pode ser baixado gratuitamente em www.bruneras.com)

- Em nosso segundo encontro nós definimos o enredo principal do game: seus personagens, cenários, e a curta narrativa que daria tempo de desenvolver. Fizemos isso com um caos organizado: eles iam dando idéias, eu anotava no quadro, de tempos em tempos eu parava para com eles agruparmos as idéias, descartar elementos, e assim foi tomando forma algo mais conciso. Ainda nesse encontro (lembrando que eram duas aulas), os alunos decidiram a que "equipe" de desenvolvimento participariam: 1 alun@ para ser o secretári@ do projeto (e que anotava tudo que eu pedia em um caderno especialmente preparado para a ocasião: nomes nos grupos, ideias para os games); uma equipe para desenhar cenários, uma equipe para desenhar personagens, uma para cuidar das músicas e outra para os efeitos sonoros.

- Nas duas semanas que se seguiram foi árduo trabalho de produção de imagens e sons: deixei as equipes livres para se acomodarem onde quisessem na escola: na biblioteca, no pátio, ou na sala de aula. Por isso tive de ficar perambulando pela escola e orientando/ajudando as equipes. Eles desenharam e gravaram músicas para seus games. @ secretári@ me ajudavam a lembrar os grupos do que foi planejado para o game. Mas as equipes tinham total liberdade de concretizar as ideias da forma que quisessem. Ainda, disponibilizei vários materiais nessas duas semanas: uma caixa com papeis de diferentes cores e tamanhos, lápis de cor, giz de cera, massinha de modelar, cola colorida, lápis 6B, canetinhas hidrocor, meu telefone celular com um programa de gravação de áudio, e meu video game portátil Nintendo DS com um programa de composição musical (Mario paint composer) instalado. O que funcionou ou não dessa parte vou relatar posteriormente.

- Fora das aulas fiquei trabalhando em casa, por que sim, um professor trabalha muito em casa, e nessa atividade trabalhei muito mesmo. Com o tempo curto, e sem equipamentos adequados na escola, era em casa que eu dava retoques no que era produzido pelos alunos: escaneava tudo, digitalizava, dava retoques no paintshop, editava áudio, e o principal: inseria gráficos, sons, e regras dos games no Arcade Game Studio para concretizar o game. Na última semana de trabalho com os alunos eu tive de usar quase que todo meu tempo livre em casa só para dar conta desta atividade, se não o game deles não ganharia as telas do computador.

- Por fim, com os games montados, fiz uma seção de jogatina dos games produzidos pelas turmas na escola: levei meu PC desktop para o colégio com meu monitor e tudo (por que os da escola são lentos e os games não funcionariam bem), tudo configurado com um controle de jogo (controle de sega Saturn USB) para os alunos jogarem seus próprios games e os dos colegas.

- As avaliações que eu fiz foram as seguintes: deu uma nota pra cada dia de trabalho das equipes, de acordo com o empenho e participação deles na tarefa (duas semanas = duas notas). E ao final pedi para eles uma redação sobre a atividade.


Esse é o breve relato geral da atividade que fiz com três turmas de primeiro ano do Ensino Médio. Na próxima postagem vou detalhar escolhas, planos, redimensionamentos, de cada um dos 3 games produzidos, e como os alunos participaram (ou não) das atividades.