segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Escola

Num ano tão conturbado na educação, reflexo de um mundo conturbado, senti na pele toda a crise que chega até nós, uma escola pequena de bairro. É um ano, mais que em outros, pra parar, avaliar o que foi bom e ruim, e planejar um 2017 letivo diferente.

Aulas sobre cinema


Algumas coisas deram certo, outras saíram pela culatra, e é hora de avaliar as atividades. Restando apenas uma média de 3 encontros para que eu finalize as atividades com as turmas, resta agora acertar notas, pedir trabalhos de recuperação, e preparar os alunos para o ano que vem. Bom, vamos a avaliação.

Muita coisa deu errado esse ano, não só pelos problemas da escola, que se acentuaram, mas por falha de planejamento meu. Tentei exibir filmes longos na íntegra, sem editar, e realmente, não é possível de fazer isso no tempo da escola (tempo da fábrica). Filmes de até uma hora ão tranquilos, mas um filme como Metrópolis, de Fritz Lang, é impossível de passar na íntegra. Outro problema foi a dificuldade de intercalar diferentes tipos de atividades, ficamos preso ao filme, que por causa de imprevistos, passamos 5 a 6 semanas tentando terminar de ver. o conteúdo sobre os filmes ficou um tanto solto, no começo me organizei, pesquisei, escrevi a respeito, passei no quadro para os alunos copiarem, fiz apresentações de slides. Mas no final, quando perdi o controle, já nem tinha mais energias pra tanto.

mas, na minha avaliação, algumas cosias deram certo. Exibir o filme "O Garoto", de Chaplin foi legal, eles corresponderam bem, e vimos em apenas um encontro. Um filme atemporal, que prendeu a atenção de alunos que pouco se expuseram a filmes mudos e PB. Começar o terceiro bimestre ensinando pra eles como resumir e não copiar um texto da internet foi valioso, por que muitos relatórios sobre os filmes que os alunos produziram ficaram de satisfatórios a muito bons. Tiveram os bem matados também, como sempre. Começar o conteúdo com a exibição de Viagem a Lua, somado as explicações e slides que mostrei sobre a "magia" do cinema de Melies, culminando na atividade de criação de vídeos curtos gravados pelos alunos com seus smartfones, foi bem legal e frutífero. Algo pra se inspirar e desdobrar em outras atividades no futuro. Relacionar todos os filmes que eu mostrava, livros ao qual se referiam, referências na cultura pop, era algo que aproximava os alunos de nosso tema e objeto.

Festival de Talentos e dia das bruxas.


Aproveitando que os terceiros anos da escola queriam fazer uma festa de dia das bruxas, organizei o festival de talentos da escola. Foi uma trabalheira, mas valeu a pena, e fiquei bem feliz com o que os alunos produziram, ensaiaram, e mostraram para nós. Deixei a câmera na mão dos alunos (enquanto eu articulava tudo), e por isso não tenho imagens de tudo. Uma falta especial é a dos desenhos dos alunos, alguns muito legais, inspirados nos desenhos do Cascaes. Quero conseguir vídeos que alguns alunos do terceiro ano gravaram.

Professor@s e alun@s guerreiros que ficaram até o final da noite.

Clique em mais informações para expandir a postagem e visualizar mais fotos...


domingo, 16 de outubro de 2016

Marlow na "TGG" e feira Surto!

Marlow na mídia especializada


Robin Ek foi muito gentil e publicou sobre meu segundo game autoral, Marlow in Apocalyptic Acid World, no site de notícias sobre games TGG. Um obrigado especial ao Robin (Thank you Robin) por divulgar meu game, e quem quiser conferir a postagem é só acessar o link:

Marlow in apocalyptic Acid World, Paulo Andrés Twisted version of Super Mario

Aproveito para postar aqui mais agradecimentos e repetir outros links que já havia postado antes. Um obrigado a Carl Williams por postar sobre o game marlow no Retro Gaming Mag (Thank you Carl):

New game Marlow in Apocalyptic Acid World released for windows

E um obrigado especial á equipe da Retromaniac por também dar espaço para meu game:

Descarga MarloW, un plataformas en la línea 'Super Mario' ambientado en un mundo distópico

E sem esquecer da softpedia:

http://games.softpedia.com/get/Freeware-Games/MarloW-in-Apocalyptic-Acid-World.shtml

Divulgar meus games é um desafio o qual venho tentando encarar de frente. Existem milhares de games independentes distribuídos livremente na internet, e o meu é apenas mais uma gota d'água neste oceano. Fazer o game chegar até as pessoas é um desafio e tanto. Não é uma questão se conseguir fama, nem 15 minutos, nem 15 segundos (se fosse virava youtuber), mas sim de saber que pelo menos algumas pessoas jogaram meu game. Se for mais gente do que o tanto que entra em uma galeria que expões quadros na parede, já será uma grande satisfação.

Feira Surto


Meu amigo Chavez, também produtor independente de games (como já mencionei antes, aqui o link para seu site: http://www.spacegiraff3.com/ ) me convidou para participar da 5ª edição da Feira Surto, em Balneário Camboriú, nos dias 11 e 12 de Novembro. Juntamente com outros produtores independentes, vamos expor nossos games em um espaço voltado para games autorias neste evento que é essencialmente uma feira de venda e divulgação de arte impressa. Abaixo o link:

Feira Surto

Então, estarei lá, dias 11  12 de novembro, um sábado e domingo, expondo para as pessoas jogarem meu game do Marlow, e se tudo der certo, a versão final de meu novo game, Virgil, feito inicialmente para a GBJam5. Pretendo fazer cópias físicas dos dois games, DVD colorido com capinha e manual, para vender na feira (os games vão ser sempre distribuídos gratuitamente aqui no blog, a mídia física é mais para colecionismo e pelo fetiche do objeto).



Aulas

Festival de talentos


Para a próxima sexta, dia 21 de outubro, estou organizando na escola em que trabalho o nosso festival de talentos, juntamente com o dia das bruxas com o tema "As bruxas de Cascaes". Haverá exposição de fotos, desenhos, e artesanatos dos alunos, assim como um concurso de fantasias, batalha de Rappers, e apresentações musicais. Fiz um cartaz de divulgação simples para os alunos convidarem seus familiares e amigos:


Estou cobrando que todos os alunos participem do festival, e contribuam de alguma forma pois serão avaliados por isso. Aqueles que não vão apresentar nenhum show, expor imagens e/ou objetos, ou participar do concurso à fantasia, terão de pelo menos ajudar a produzir a festa , principalmente a decoração a partir do tema dos desenhos de Franklin Cascaes. já articulamos tudo, as turmas vieram com ideias bem legais, e segunda feira a noite vou especialmente na escola para produzirmos parte desse material e ensaiarmos. Quinta também produziremos mais coisas para que o festival ocorra na sexta. Depois coloco algumas fotos aqui no blog.

Adoro essas bruxas diabólicas com cabelo de vassoura

Aulas sobre cinema


A parte final do bimestre passado foi ver e discutir o filme Metropolis (1927), the Fritz Lang. Tenho de avaliar que foi mesmo difícil trabalhar o filme, e não foi por que os alunos não tivessem capacidade de se concentrar ou de decodificar um filme em linguagem cinematográfica que eles não estão acostumados. o maior problema foi o tempo. O filme é longo, e imprevistos aconteciam: uma noite não podia usar o projetor todas as aulas, noutra fiquei doente acamado, e outras duas ou 3 tivemos paradas pedagógicas em função de incidentes imprevistos na escola, além do conselho de classe num dos dias que dou aula também.




Passar o filme picado não foi problema em si: antes de começar a seção eu lembrava eles sintetizando o fragmento que havíamos visto na semana anterior. A linguagem cinematográfica pouco usual para os alunos (preto e branco, filme mudo, metafórico, simbólico e expressionista) não foi problema, já que fomos conversando aos poucos (a semana na metade que não pudemos usar o projetor obrigou essa pausa e conversa). Ao final, não consegui terminar de passar com 3 turmas, e a conversa final com eles se resumiu á 20 minutos.

Concluí que não adianta, no espaço da escola (ao menos em aulas de 45 minutos) não dá pra passar um filme tão grande sem editar previamente fazendo cortes. mais vale editar, cortar partes (por mais que doa fazer isso) e trabalhar melhor o filme. fazer uma pausa no meio (exibir metade numa semana, depois na seguinte conversar e fazer alguma atividade a respeito, e ver o restante do filme na terceira semana) pode ser um planejamento bom pra trabalhar o filme em espaços de aula de 45, 40 minutos.

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Altos e baixos

Altos:


Pixel Art 4 cores


Ainda na empolgação da GBJam, ontem das  6h as 8h da manhã fiquei exercitando pixel art com apenas 4 cores. Brinquei com uns tiles e boneco inspirado no Castlevania, é é incrível o que dá pra fazer com 4 cores. Fiz 6 versões da mesma imagem, cada uma com um sete de 4 cores diferentes.


Apenas 4 cores, por isso o personagem (sprite) tem o contorno em preto (cor 1), e os cenários de fundo (Background, BG), que ficam atrás do personagem, usam as outras 3 cores (cor 2, 3, 4), mas nunca, ao menos em grande quantidade, a cor 1 (pro boneco não se confundir com o cenário). O cenário do chão (foreground, FG) pode usar todas as 4 cores, mas sempre em contraste com o BG. A referência é o preto e branco, imagine que temos 3 tons, preto, cinza, e branco. Quando no FG predomina o preto, no BG tem de predominar o branco ou/e o cinza. Se o FG predomina o branco, o FG tem de ser cinza, e o oposto também. São regras simples, mas úteis na composição do gráfico do game.


Detalhe que eu usei e abusei do dithering (pontilhado no estilo tabuleiro de xadrez). tem gente que não curte, mas é uma forma interessante de trabalhar com uma quantidade limitada de cores. Abaixo o exemplo do degradê da paleta de 4 cores na qual trabalhei a pixel arte acima:



Creio que seja um exercício bem legal ir reduzindo a quantidade de cores. Quem consegue fazer um gráfico colorido com 4 cores pode fazer muito mais com 8. Quem faz milagre com 8, faz ainda mais com 16 cores, e assim por diante. Essa é a lógica na qual aposto, por isso vou treinar bastante com poucas cores.



Baixos:


Mudanças nas leis brasileiras


Toda essa história de mudança na lei da educação, agora no congelamento das verbas investidas nas áreas fim do estado brasileiro é pra deixar qualquer um ruim quanto a expectativas de futuro. Já deixo claro aqui meu posicionamento: dane-se essa polarização política, bem sabemos que Petistas e Sindicatos estavam comprometidos com este projeto de desregulamentação do estado. Não há heróis nem mártires nessa história.

Não sei se as pessoas estão percebendo, mas o que tem acontecido em todas estas mudanças de leis é uma grande desregulamentação. Muitas obrigações do estado, previstas em lei, estão deixando de ser obrigações. Na educação, o que antes era obrigatório, e pra mudar precisava de emenda constitucional, foi desregulamentado. Se antes estava na mão de políticos (senado e câmara), pelo menos eles precisavam construir um consenso a seu favor, e passar pelos longos tramites legais. Agora não, as decisões estão voltando para eles sem votações futuras, sem travas. O mesmo sobre a PEC 241, que desobriga certos investimentos em áreas fim do estado. É uma verdadeira desregulamentação, os caras estão criando atalhos para mudarem nosso destino de forma muito mais rápida e fácil. Alguém ai espera coisa boa?


Mundo


Se a gente olhar pro mundo lá fora, dai a desesperança é maior. um mundo onde dois grandes blocos capitalistas disputam a liderança, cada um dos blocos com sua fórmula de exploração das pessoas (que no fundo são bem parecidas). mal sabemos se não estamos prestes a ver estourar um conflito mundial. Em Davos, no Fórum Econômico Mundial, as cabeças que decidem os destinos das economias mundial preveem para os próximos 5 anos um aumento vertiginoso do desemprego, postos de trabalho que serão extintos para sempre (e que não serão repostos por novos postos criados pelo avanço tecnológico). Como medida emergencial sugerem uma educação voltada pra formar mão de obra barata. mas não vislumbram nenhuma solução pra crise, nem sequer uma contenção. Não é gente como eu que está dizendo isso, são os agentes do centro do capitalismo mundial. Alguém ai espera coisa boa?


Esquerda mundial


Em frangalhos, sem projeto alternativo pra apresentar, se contentando a sugerir remendos para um sistema que está ruindo. A esquerda institucional (políticos e sindicatos) está até o pescoço comprometida com o poder. Nós que não nos vinculamos à esquerda institucional, estamos perdidos no meio do tiroteio, e levando porrada e bomba de tudo quanto é lado. Estamos sozinhos e sem horizonte. Essa esquerda tem também partido para a ação como forma de catarze ou de estravazar sua frustração com um mundo que mudou muito rápido. Alguém espera ainda algo de bom?


Doutrina do Choque


o mundo está sim muito mais "perigoso" hoje do que a 20 anos. Não falo de assaltantes ou coisa do tipo. tenho medo das pessoas no geral, por que o ser humano assustado é um bicho muito perigoso. O ser humano, quando acuado, assustado, dado seu tipo de organização social, é capaz das maiores atrocidades em nome da segurança. Estamos a tempo vivendo crise atrás de crise, e as pessoas estão ficando cada vez mais ariscas e assustadas. Parece que estamos a beira de aceitar muita coisa que a bem pouco tempo era inaceitável. já vimos essa história no entre guerras do século XX. Se fomos capazes de criar gás sarim, napalm, e bombas atômicas, e sabendo que a pesquisa em armamentos nunca parou, principalmente com tecnologia biológica, só mesmo com imaginação muito fértil pra supor que tipo de armamentos cruéis a humanidade poderá usar em um novo conflito de dimensões mundiais. Alguém consegue esperar qualquer coisa de bom disso?


Enquanto isso


Enquanto isso a vida segue, seguimos impotentes, fazendo nossas coisinhas. Vou desenhando e fazendo meus games como se não houvesse amanhã. Dando minhas aulas para jovens os quais eu não sei que futuro lhes espera (ou mesmo se algum futuro lhes espera). Certamente a vida deve se tornar mais dura, de diversas formas (ambiental, econômica, política), não dá pra imaginar outra coisa. Seguimos a vida como se tudo estivesse "normal", mas sempre com a tensão de quem lá no fundo sabe que o mundo muda de forma acelerada, e pra pior. Só sejamos honestos conosco, e ao menos no campo do discurso, não vamos fingir que tudo está bem ou que vai melhorar de forma mágica.

Perdoe o desabafo, querido diário a/r/tográfico, você é também aquela parte alegre e esperançosa em mim. Sigo me alimentando de ti, postando textos e imagens, por que só mesmo a arte, em todas as suas formas, pra não morrer de tédio e angústia diante da estupidez humana.

terça-feira, 11 de outubro de 2016

Virgil

GBjam5


Esse ano resolvi participar da quinta edição da Gameboy Jam, onde os participantes tem 10 dias para produzir um game dentro de algumas das limitações do velho Game Boy (a resolução de 160 X 144 pixels, e 4 cores). As 4 cores ficam a critério de quem produz o game, sendo assim, resolvi fazer algo que lembre o Super Game Boy, o adaptador para jogar games de GB no SNES. O prazo acabou na madrugada de domingo para segunda (10/10/2016), e por isso toda a criação teve de ser rápida. A concepção do game é então minha e da Ju, que me ajudou a elaborar os personagens e narrativa principal.

https://itch.io/jam/gbjam-5

Virgil


Chegamos na ideia de um game que se utiliza da estética das xilogravuras, mais precisamente na literatura de cordel. Nosso personagem é Virgil, que decapitado desce a um tipo de purgatório, e deve por ali perambular em busca de sua cabeça perdida para alcançar a paz derradeira. Enquanto não encontra sua cabeça original, ele usa sobre o pescoço um crânio de boi, seu ataque contra os inimigos.

xilogravura de cordel - inspiração para a estética do game



A narrativa principal é inspirada pela história do Cangaço brasileiro. Seu personagem é Virgil, obviamente inspirado no cangaceiro Lampião. Considerado um herói no imaginário de alguns (algumas vezes ele atuava com uma espécie de Robin Hood) e vilão no imaginário de outros (em algumas aldeias eles entram e pilhagem, estupro, etc), ele morreu quando pego com seu bando pela polícia, que decapitou todos eles. Lampião era tido como muito religioso, sendo devoto de padre Cícero. A história do cangaço se deu no semiárido da Caatinga entre o final do séc XIX e início do séc XX. Sendo a literatura de cordel, sempre em versos e ilustrada com imagens de xilogravura, popular na região, só poderia vir dai inspiração para os gráficos do game (que deviam usar apenas 4 cores por regra).



Foram 10 dias de produção intensa, com pausas para outras atividades como trabalho e família, e na última hora consegui finalizar o game. Meu game está na votação, junto com outros quase quinhentos, e só votam participantes da jam. Ainda há espaço pra melhorar bastante o game, e passada a votação pretendo trabalhar em cima de uma versão definitiva (versão pós-jam) que deve corrigir falhas, melhorar mecânicas, textos (que terão sua versão em português também), e quem sabe mais elementos, como uma área (dungeon) inédita.

Quem quiser experimentar essa versão da jam, que funciona em computadores com windows, pode baixar no link:



Edit:

Jupiter Hadley pretende jogar ao menos por um minuto todos os 486 games que foram feitos para a GBjam5. No vídeo ela joga o Virgil. É bom pra mim ver o que posso melhorar (ver alguém jogando pela primeira vez é a melhor oportunidade pra descobrir as falhas de planejamento.).