Hoje eu me deparei com essa postagem no Twitter:
https://twitter.com/marycagnin/status/1594190866041610240?s=20&t=D-8tbpylcyIP4ZZTfZzjOA
Me senti compelido a em meia hora escrever o texto abaixo (que vem de relfexões de dácadas):
Europeu roubando o que tem de bom no terceiro mundo, pra variar... literalmente roubando.. e é algo que talvez não tenhamos meios de evitar. É por isso que temos de nos apropriar do que vem de bom deles, mas não na postura de neo colonizado. Se apropriar sem modéstia, pq quando eles o fazem é de cima pra baixo, e pessoal aqui quando se utiliza da cultura que vem de fora é daquele jeito de baixo pra cima, neo colonizado, escravos do mercado fazendo um desserviço para a cultura. Negócio é fazer como eles, tomar o que nos interessa, e melhorar com o que é nosso.
Pode ser que nesse caso específico adiante algo a moça apelar para a lei, com advogados, mas não dá de contar com isso, até pela dinãmica da cultura: ela é viva e essas coisas aocntecem em níveis conscientes e inconscientes. A coisa tem de ser feita também por nós em outro nível de autonomia, com consciência e conhecimento de causa. Esses roubos ai sempre aconteceram em vários níveis semânticos, e em casos como esse, numa clara postura imperialista.
Nós, que crescemos e vivemos no Sul do GLobo, sentimos na pele o quanto valores culturais são uma imposição totalmente relacionada ao dinheiro. Quem mais tem condições imprime sua cultura sobre os outros, pois ela carrega valores e imprimir seus valores no outro é ter poder sobre este. Não a toa muito da nossa indústria cultural vem de fora; a maioria dos filmes, das histórias em quadrinhos, música de consumo jovem, video games. Mesmo a nossa indústria cultural local, TV, youtubers, seguem modelos que emanam do centro do capitalismo.
Provavelmente o pessoal ai que roubou a ficção da moça o fez por achar que não teria problema algum, pois nem gente somos, e aqui nem leis ou artistas existem. É uma ação que denota certo desprezo pelos que estão ao sul do equador, uma invisibildiade, como se nem existíssemos. Bom, com a internet isso se torna um pouco mais complicado de ser feito, apesar do controle e curtinas de ferroque existem nas redes sociais com assuntos geopolíticos, mas essas "miudezas" escapam ao filtro. Essa é averdade, por mais duras que soem essas palavras aos meus amigos europeus ou dos EUA. Não é uma questão individual, mas é herança de séculos de exploração colonial e que deixou suas marcas na cultura, mas tbm aidna tem um sentido político muito atual e não a toa.
Mas, voltando aos usos na cultura. Quando eu faço meus jogos eletrônicos, estou fazendo essa propriação do que vem de fora. A lição já tem mais de 100 anos, dada por Mário de Andrade e sua turma. Só o fato de me utilziar do video game, essa mídia que vem do centro do capitalismo (japão e EUA), e fazer meus jogos pensando eles como uma linguagem estética, não só como entretenimento, já estou querendo expressar essa postura. Mas, pra ficar mais claro, vou citar o exemplo do meu jogo "O Purgatório de Virgílio", onde isso acontece em termos narrativos.
No meu jogo eu me aproprio da Divina Comédia de Dante Alighieri e misturo com a história do cangaço, a literatura de cordel, as xilogravuras, Deus e o Diabo na Terra do Sol do Glauber Rocha, entre outras referências. Eu conscientemente quero dizer duas coisas na minha forma de proceder (fazendo, não falando): 1) Dante é uma herança cultural do mundo, nossa tbm, não só Européia, e isso eu reinvidico. 2) As heranças culturais locais que uso e citei não são menores ou sbjacentes, elas estão de igual pra igual com a obra de Dante. (confira no meu trabalho no site www.amaweks.com)
Em suma, Glauber é tão grande quanto Dante. A obra coletiva de um povo expresso na Literatura de Cordel, também. O "pulo do gato" é ainda o que essas referências locais tem sim de "algo a mais", e que acrescenta a a cultura que vem de cima do globo: originalidade no fato de serem pouco conhecidas no resto do mundo. Originalidade nas suas condições de criação, pois são criadas por pessoas que tem uam experiência de vida singular e diferente daquelas das pessoas que vivem no centro do capitalismo, o chamado primeiro mundo. Só pra listar algumas.
Então, digo a meus amigos brasileiros: não caiam no "canto da sereia" desta indústria cultural que é dominada pelo imperialismo. É legal ter acesso e podemos tirar dali coisas boas para nós, mas não se deixem levar , muito menos reproduzam as coisas acrítica e inconscientemente. Não se pode ter esse nível de ingenuidade, é preciso saber que cultura é poder. Não fiquem apenas dependendo das plataformas e mercados da indústria cultural. Ganhar sua grana ali pdoe ser bom, mas não pense que é só aquilo que existe. E principalmente: não reporduza a forma e valores dessa indústria, ou das referências culturais de fora, em seus trabalhos. E façam arte.