sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Depois da Surto

Fazem alguns dias que participei do Festival Surto, em Balneário Camboriú, na mini feira de games autorais de nosso amigo Alexandre. E se teve algo que realmente valeu a pena foram as amizades e troca de experiências com os demais desenvolvedores de games que participaram. Como dizia meu amigo Zé, tua arte funcionou se você conseguir fazer um amigo com ela.

No embalo da feira a gente acaba não conversando com todo mundo, como o pessoal do estúdio Vita, de Blumenau, que mostrava seu game "Croac, uma melodia verde", um jogo musical para crianças muito bem feito, ou os alunos do Lab XP, do curso de Design de Games e Entretenimento Digital, mostrando o beta de seu game de luta juntamente com o professor Tiago Ficagna.

Kishimotostudios.com


André Kishimoto é desenvolvedor e professor de game design (programador e artista). Está lançando um livro de programação de games no Game Maker, e compartilhou sua experiência sobre feiras voltadas exclusivamente para produtoras de games. Eu triste por que as pessoas não ficavam muito tempo jogando osgames, e o Kishimoto teve de me esclarecer que em feiras é assim mesmo. As pessoas jogam mais os games que tenham jogabilidade simples, e até os jogadores mais "hard core" jogam um pouco um game e já partem para jogar outro, pra dar tempo de testar todos os jogos.

Adepto da pixel art, fez vários games simples e curtos, pra demonstrar possibilidades de desenvolvimento. Eu realmente curti seu adventure "Animation 101", onde o jogador entra no papel de um estudante de game design, e vai executando exercícios de animação de sprites, entre outros. Tenho de jogar de novo pra conseguir montar o "walking cicle", hehehe.




Mini Chimera Game Studio

http://www.minichimera.com/

É engraçado ter de sair de sua cidade pra conhecer um pessoal que faz games logo ao lado. O estúdio de Floripa produz games autorais e publicitários. O legal foi poder conversar com o Alberto Palmieri, que é professor no curso de Design de jogos e Entretenimento Digital na Univali, trocar experiências sobre fazer games com nossos alunos. É curioso saber que, parecido com o que senti no ensino médio, os alunos que entram em uma faculdade de "games" pensam que fazer games é o mesmo que jogar games. A maioria não faz ideia de que fazer um game envolve muita produção, reflexão, e antes disso, um consumo qualitativo das referências culturais à sua volta. Fiquei admirado com os desenhos a nanquim do Palmieri, deu até vontade de voltar a fazer coisa parecida (mas não, o tempo é curto, e to bem vidrado em fazer pixel art no momento). Palmieri, obrigado pelas palavras de incentivo, continuarei minha pesquisa sobre a produção de games, com certeza.

Quanto aos games do estúdio, bem interessantes também, todos para celulares e aparelhos móveis. Me chamaram a atenção em especial o "Tap Master Mondrian", um puzzle de jogabilidade simples de raciocínio e reflexos brincando com a arte do pintor homônimo. E "Sheep Dreams (are made of this)", que mostra que um "infinite running", gênero tão banalizado nos celulares por conta da simplicidade nos controles, pode se destacar pelo conteúdo interessante. Articulando referências que vão do surrealismo, a música do Eurythmics, e "Androids sonham com ovelhas elétricas?" (e outras que não deu tempo de alcançar) o game nos intriga com os questionamentos reflexivos da "ovelha" que não para de correr por nenhum instante, recuperando os fragmentos de memória, e indo mais fundo em sua memória fragmentada.

Spacegiraff3


Em sua palestra na Univali de BC nosso amigo chaves me ensinou bastante com sua palestra sobre o "Humor" (mood) ou "clima" que um game pode passar. Gostei particularmente de seu ponto de partida: cenas de filmes, capas de álbuns musicais, e por ai vai. Como fazer um game que te passe uma sensação semelhante a uma cena icônica de algum filme que lhe toca? partir de seus referenciais culturais exige um olhar mais aguçado, você não consome a cultura a sua volta como mero entretenimento, mas pensa em seus significados. Tenho sempre me preocupado com as questões da narrativa no game, level design, recentemente gráficos pixelados, mas agora vou pensar mais a respeito do "mood".

E no mais, o que dizer da Spacegiraff3? Eu adoro as cores, os graficos, a simplicidade no gameplay, e o clima que seus games passam. Tem algo de "infância sinistra" no mood de seus games. Só tenho a agradecer ao Alexandre (Chaves) por me convidar para o evento, pelos saberes compartilhados, e seu empenho em criar uma "cena" de produtores autorais aqui no litoral catarinense. Que seus projetos sejam prolíficos, e vamos trocando experiências.

Por indicação do Chaves menciono aqui o "NAVE Arcade", um game independente que brinca com a "loucura" dos jogos de tiro com naves. Parece bem interessante, por enquanto só dá pra jogar no arcade dos produtores, que são argentinos, e tem feito "turnês" com sua máquina de taitorama. Fica o link do site e de um vídeo do game play:





Logo abaixo algumas fotos e vídeos do Festival Surto. Pra variar, esqueci de bater mais fotos, mas deu pra captar um pouco das pessoas jogando os games.



Maquinas irmãs



Para ver mais fotos e vídeos, clique em "mais informações" e expanda a postagem.



Nossa mesinha de impressos

Animation 101 ao lado do Virgil's Purgatory

MarloW, ninguém resiste a jogabilidade do Super Mario.

O menino estava no "mood" do Mooon, da spacegiraff3.











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