domingo, 4 de setembro de 2016

Aulas e Cinema...

Aulas sobre História do Cinema


Passados um mês do retorno as letivo sinto que agora minhas aulas estão engrenando em uma direção interessante. Entre várias possibilidades de escolhas entre que filmes passar, até agora tive a felicidade de ver os alunos corresponderem com alegria e interesse os filmes que levei. Mas vamos do começo...

Viagem à Lua (1902) - George Mèliès


Comecei com um filme de 15 minutos, e assistimos a versão colorizada. Conversamos a respeito, levantei dados do filme, e os alunos fizeram uma atividade com seus próprios celulares. A atividade era simples, consistia em eles gravarem um vídeo de alguns segundos que se utilizasse da "mágica" do desaparecimento que Melies utiliza bastante em seu filme de 1902 (parando a filmagem, modificando a cena sem mover a câmera, e continuando a filmar). É um trabalho de edição que hoje se faz sem esforço com telefones celulares. Os alunos curtiram bastante a atividade, pena que eu não tinha como ter os vídeos, que estavam em seus celulares. Mas, por exemplo, um grupo filmou a ilusão de que um colega sentava em uma cadeira, quando de repente a cadeira desaparece e o aluno cai de bunda no chão. Outros sumiam por detrás de colunas o pátio do colégio.


Além da atividade de fazer os vídeos, os alunos estão me entregando um resumo a respeito do filme. Depois de receber um monte de trabalho copiado igualzinho da internet, resolvi fazer o seguinte: escolhi um texto retirado da internet, e juntos, em sala, "fichamos" o texto, lendo, sintetizando, e anotando no quadro em tópicos, o que deveria ser prontamente anotado no caderno dos alunos. Em casa, é a partir deste fichamento que eles estão tendo de criar um texto com suas próprias palavras para me entregar.



O Garoto (1921) - Charles Chaplin


O filme tem aproximadamente 50 minutos, e é um ótimo exemplo do cinema mudo em sua melhor forma. Antes de assistirmos eu conversei com eles sobre a "linguagem" do cinema mudo, e pontuei o seguinte: 1) Overacting: a atuação exagerada e teatral necessária devido a ausência de sons; 2) Intertítulos; os textos e diálogos exibidos na tela, só usados quando realmente necessários; 3) Fotografia: o trabalho de luz e sombra, que nos filmes Preto e Brancos carecem do cuidado pra não deixar a imagem cinza, com bom contraste; 4) Maquiagem: feita para dar expressividade nas linhas do rosto, por exemplo; e 5) Música: que dá o ritmo e o tom geral da cena, ajudando a criar o clima e nos preparar emocionalmente para a cena.




O mais incrível de exibir esse filme para alunos adolescentes, na escola, quase 100 anos depois de seu lançamento, é o quanto ele tomou a atenção dos alunos. Me surpreendeu que até aqueles que de início torceram o nariz para o filme, dizendo como "filme mudo, vai me dar sono", ou ficando de conversa paralela durante o início do filme, logo passaram a prestar atenção á narrativa. Riam das piadas, ficavam tensos nos momentos mais dramáticos. O intertítulo do começo "um filme com um sorriso, talvez até uma lágrima" se cumpriu em todos nós que assistíamos. Ao final, a maioria dos alunos gostou bastante do filme, assim como perceberam os elementos da linguagem do cinema próprios dos filmes mudos.

Agora partiremos para filmes mais longos e densos, primeiro Metropolis, de Fritz Lang, uma distopia do cinema Expressionista Alemão, e ainda sem ordem definida: Electroma, Playtime, e outros a pensar, o que sei é que vou pelo caminho de filmes com temas distópicos. Como sugestão de um amigo, posso de vez em quando mostrar para os alunos imagens de influências destes filmes clássicos na cultura pop atual (no cinema, música, videogames, por exemplo).

2 comentários:

  1. Massa. Realmente deve ajudar a manter o interesse ao fazer a ligação destes filmes com coisas atuais que sofreram influência. Ajuda a perceber que sempre há algo mais, as coisas são do jeito que são por influência do passado, mas com a perspectiva do presente.

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    1. Sim, a ideia é para na finalização, depois de terminarmos de ver o Metropolis, conversar sobre as percepções deles sobre o filme, colocar minhas percepções, e mostrar umas imagens de cenas emblemáticas e "comparações" com filmes mais recentes que bebem nessa fonte. Falando sobre a construção de uma linguagem (no caso o cinema) e algumas de suas possibilidades (que é o foco nas artes) por tabela vai um conceito de historicidade.

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