Rememorando Produções
De tempos em tempos é bom relembrar do que tenho produzido como artista nos últimos anos. Faço isso em parte por conta dos “novos chegados”, pessoas que me conheceram ou seguiram nas redes sociais recentemente e estão tendo o primeiro contato com meu trabalho. E também faço por mim mesmo, para recordar de projetos inacabados, ideias que tive e que talvez seja o momento de amadurecer-las. Não é à toa que dei este blog o nome de “diário”.
Primeiro, antes de criar jogos de videogame, e mesmo ainda em paralelo, produzi muita coisa experimentando diferentes linguagens. Boa parte destes trabalhoss, mas nem todos, está catalogado aqui no blog, e por isso vou usar as suas seções como guia. O que eu produzo é parte de mim, e acho que é inevitável que apareça um puco da minha história nos parágrafos abaixo. Clique no subtítulo de cada parágrafo para acessar o link com mais detalhes e imagens.
Produção de imagens: Na faculdade de Artes Visuais aprendi que toda criança desenha, e mais ainda se tiver estímulos, papel, lápis. Chega um momento crítico, a idade varia por diversos fatores, em que a criança ou segue desenhando ou desiste, geralmente por achar seu desenho "feio", não correspondente à seu critério de realismo. Minha sorte, graças aos meus pais, isto não aconteceu comigo. Em dado momento entre largar o emprego de bancário, ou faculdade de história na UFSC, ou não ter tempo para desenhar, preferi largar a UFSC. Anos depois, de forma quase irônica, entre ficar burnout e não conseguir mais criar arte, larguei o emprego e fui cursar Artes Visuais na UDESC. Mas chega de historinha, o importante é que seja desenho, pintura, gravura, digital, não importa o motivo, o meio e o material que eu tenha disponível, eu estou frequentemente criando imagens.
Esculturas e Artesanato: Principalmente nos anos que passei cursando Artes Visuais na UDESC, de 2010 a 2013, eu ajudei no atelier de cerãmica de meus pais, pintando peças de do folclore da Ilha de Santa Catarina confeccionadas por minha mãe. Sempre pinturas únicas e modernas. Volta e meia também inventava de produzir algo, modelando em cerâmica, ou construindo em madeira, ou outros. Mas sempre experimentando e buscando uma estética própria não importando o suporte ou materiais.
Invencionices: Algumas destas coisas dá mesmo de chamar de "geringonças" ou de "enjambração", por que também é o que são. Se eu quero ou preciso de algo, e não tenho outra forma (digo, grana) para conseguir, eu tento construir com materiais baratos e acessíveis. Aprendi isso na infância, com meus pais, já que Dona Osmarina, então costureira de profissão e necessidade, fazia nossas mochilas para irmos a escola, remendava ou criava nossas roupas, e meu pai, Sr. Paulo, trabalhando como estofador em sua oficina, construiam o que precisávamos, de brinquedos até casas com o próprio punho. Então eu imito eles, e construo meus fliperamas, videogames, móveis, e a maior invencionice de todas que é a casa em que vivo, feita com a ajuda da minha companheira Ju.
Instrumentos Musicais: Quando criança eu gostava de música do rádio, sem me importar com gêneros ou estilos. Já adolescente passei a me importar com gêneros por que isso era parte da constituição de identidade. Mas só aos 17 que eu inventei de aprender a tocar violão, depois guitarra. Na privacidade eu compunha algumas músicas, gravava elas de forma caseira em meu computador (guitarra, voz, baixo, bateria, usando instrumentos reais e simulados no computador), criava meus "singles" com capinha, gravava cds, e dava de presente para alguns amigos. Fiz até um clipe em animação a música título do último single em 2008 (aqui no meu youtube). Um dia dei de construir uns instrumento musical, e não parei mais. Eu não sigo modelos rígidos, construo o que dá vontade e de acordo com os materiais que eu tenho a disposição, geralmente sucatas. De vez em quando ainda toco e canto.
Violaude, mais um que fiz de acordo com os materiais, no caso uma linda cabaça. Dei esse nome por que tem uma sonoridade medieval e uma aparência que lembra a tradicional viola de cocho.
Textos e Publicações: É o que estou fazendo nestas exatas palavras que você lê, e o motivo por que esse blog existe: manter a prática da pesquisa em artes mantendo a prática de escrever e manter um registro destas reflexões. Quando em 2014 eu saí da UDESC direto para trabalhar como professor de Artes em escolas do Estado eu criei o blog já por este motivo, e por um tempo o alimentei com as atividades que aplicava com meus alunos. Hoje em dia predominam ensaios sobre meu aprendizado como joguinista. Mas além destes fiz, e faço, experimentos com histórias em quadrinhos, livros ilustrados, entre outros que ainda não estão aqui no blog como o Zine e o livro de cordel do Virgílio, todos alguma expécie de publicação.
Games e trabalhos atuais: Depois de formado como professor de artes comecei em paralelo a criar jogos autorais de videogame. A exatos 5 anos atrás larguei a vida de professor (mais uma vez já burnout com o emprego) e tenho inssistido em me dedicar a este trabalho. Tarefa por vezes um tanto ingrata, por quê o que eu tento fazer não é me apropriar do videogame para fazer arte, por exemplo se eu deslocasse elementos dele em uma instalação em uma galeria de arte. Não, o que tento fazer é o oposto, é levar minhas ideias e referências de arte para dentro do videogame "tradicional". Meus jogos bebem em referências do folclore, da literatura, do cinema, das artes visuais. Bruxólico, o mais recente, por exemplo, é inspirado na obra de Franklin Cascaes e outros artistas populares aqui da minha cidade. Sei que muitos jogadores não percebem esse aspecto de meus jogos, e pessoal das artes visuais desconsidera ou ignora que possa existir algo de arte, estético, em meros joguinhos de computador. Por isso digo que é tarefa ingrata, que além de tudo mal e porcamente paga minhas contas.
Para tentar chamar a atenção pra esse meu esforço de fazer arte com meu videogame retrô, e também por que eu quero um motivo pra produzir outras coisas além dos jogos (como se "só" o jogo fosse pouca produção), que agora estou num momento de dialogar o jogo com outras lingaugens estéticas, produzindo livros ilustrados ou outras formas de arte em diálogo com o game. Desde o começo, em 213, eu encaro o videogame como uma linguagem, asism como os quadrinhos, o cinema, a literatura, a pintura, etc. Preciso dizer que fazer os jogos já envolve bastante produção: criar personagens, planejar regras, desenhar, compor músicas, programar, além de divulgar e vender, tudo de forma independente. Mas uma das tarefas agora é esse diálogo de lingaugens, por isto "O Purgatório de Virgílio" além de jogo tem xilogravuras, livro de cordel, um cd com músicas. Também o Bruxólico um livro ilustrado com a história que criei para o personagem do jogo, audio narrativas com sonoplastia, além do jogo e outras mais experiências em andamento.
E também tem o trabalho coletivo do manifesto e revista de Arte Anacronia, realizado pela Gang do Lixo, grupo que surgiu de conversas artista e poeta Luiz Souza, amigo de longa data, e outros artistas e intelectuais convidados e que colaboraram com a revista e ideias para o Manifesto da Arte Anacrônica. Um dos esforços individuais é dialogar minha produção com as ideias que construímos em conjunto, tentando entender melhor o que é a arte do nosso tempo, que denominamos de Anacrônica. Não a toa que eu faço os jogos retrô mas não me prendo a nostalgia: me interessam mais questões da obsolescência programada e o improviso com programas e equipamentos acessíveis a mim. É o mesmo com meus instrumentos musicais, ou todo o resto que semrpe fiz, improvisando com a cultura material e imaterial, quase sempre fragmentária, e que temos acesso no terceiro mundo. Antropofagizando, primeiro, no espaço geográfico, tirando leite de pedra dos enlatados da indústria cultural, e a partir da massificação da internet antropofagizando também no tempo histórico.
Acho que isso faz um resumo breve da tragetória e momento atual do meu trabalho como artista. Sigo com a criação de jogos, tenho ainda muitos projetos para encaminhar, e em parelolo a produção em linguagens narrativas, seja o livro ilustrado, gibi, vídeo, exmperimentando linguagens. Se der tempo, nas horas vagas, ainda tocar, construir instrumentos, e quem sabe até jogar videogame.
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