sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Ataques á educação

Estamos todos atônitos e desnorteados


A "doutrina do choque" parece que funciona muito bem, e quando você pega um sujeito e o tortura, chega um ponto em que a pessoa fica totalmente sugestionável, e aceita os maiores absurdos apenas para parar com aquela loucura. O mesmo se aplica à sociedade: você coloca uma população em choque e passa "medidas impopulares". medida impopular é um eufemismo cretino, por que o que vem é rolo compressor. A Naomi Klein é quem dá uma boa explicação disso para nós:




Ontem o presidente da república assinou uma medida provisória alterando totalmente o Ensino Médio de nosso país. Isso mesmo, uma alteração profunda que não foi debatida com a sociedade, principalmente com professores e acadêmicos de cada área, que são os especialistas no assunto. Não, no lugar disso vamos ter um Ensino Médio estruturado por burocratas. Nós que estamos na escola sabemos muito bem que ela está falida e precisa ser reformulada, mas esta não é a reformulação que vai salvar a educação, pelo contrário.

A carga horária: de 800 para 1400 horas anuais. A princípio parece bom, mas já pensaram nas condições efetivas disto? Ao mesmo tempo que aumenta a carga horária, tramitam várias medidas provisórias que desvinculam verbas da educação e saúde. Como você aumenta carga horária diminuindo o dinheiro? E com que salas de aula? As aulas diárias seriam de 7 horas, parece.

Vejam bem, a escola em que estadual trabalho, na Barra da Lagoa, usa um prédio emprestado da prefeitura. De dia a prefeitura ocupa 100%% do prédio. Só podemos usar o espaço a noite. me digam, ano que vem ou depois, vai ainda existir Escola de Ensino Médio na Barra da Lagoa?

Artes, educação física, sociologia e filosofia saem do currículo (pra que um povo que pensa, questiona, ou tem sensibilidade estética?). Já vi que ficarei sem escola em breve. E vai mais longe, de cinco áreas de aprendizagem definidas no projeto (linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas, e formação técnico profissional), a escola ou rede de ensino só será obrigada a ofertar duas destas áreas. Já viram que ciências humanas deve ser varrida do ensino médio né?. A lei não especifica isso, houve muita confusão e desinformação. Em parte pelo próprio MEC, que divulgou informações errôneas em seu site, e do G1, que concluiu cosias sem ler a lei. O Importante agora é acompanhar o que será da Base Curricular Nacional, por que ela que vai definir o que será obrigatório ou não. A lei, como está ainda tem problemas, como não estabelecer um mínimo de horas voltadas à base curricular, entre outros.

Desinformação


A internet é engraçada. estou a uma hora procurando, e não acho o texto da MP na íntegra. Tentei no site do senado federal, mas não sei o número da MP. nas notícias de portais que achei não citam o número da MP ou o link do texto integral, apenas fazem recortes do texto. É uma informação seletiva que nos desinforma. Se alguém tiver o link do texto integral, por favor, poste nos comentários. Aqui o link de matéria no G1 que traz uns trechos do texto (essa era a matéria confusa e cheia de conclusões erradas do G1):

http://g1.globo.com/educacao/noticia/temer-apresenta-medida-provisoria-da-reforma-do-ensino-medio-veja-destaques.ghtml

Me parece agora que muita gente queria ver desastre nessa nova lei, e viu, e me surpreende o fato de que muita gente ainda bateu palmas para a por enquanto suposta extinção de várias matérias e não obrigatoriedade de outras no Ensino Médio. Fiquemos ligados.

O que queremos?


Como provocação a meus amigos e leitores de ocasião deste blog maldito e perdido no ruído da internet, deixo um vídeo sobre meu sentimento em relação a nós, cidadãos pagantes de impostos, e o mundo que nós temos construído:








quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Novidades

Outro game...




Nas últimas semanas eu retomei este exercício de pixel art acima, que fiz a alguns meses atrás. A proposta era fazer gráficos de cenários o mais coloridos possível dentro das limitações de memória de vídeo do bom e velho NES (256 tiles de 8x8 pixels, paleta limitada, um plano, etc). Me empolguei tanto que acabei fazendo gráficos para vários cenários. Não queria desperdiçar esses gráficos, sendo assim resolvi fazer um game curto de rápida execução. Nem tão curto e nem tão rápido, o fato é que em breve postarei mais informações sobre esse game que provisoriamente estou chamando de "Kuber Man", em alusão ao Megaman.


Imprensa 64


Queria dar os parabéns para minha amada companheira Ju, que apresentou na semana passada seu trabalho de mestrado em história. Vi de perto o trabalho que foi dar aulas e fazer o mestrado em simultâneo, o quanto uma coisa dificulta a outra, mas a Ju está de parabéns por toda a pesquisa (que eu li, claro), pelos conjuntos didáticos que criou para a sala de aula, e o site http://imprensa64.pro.br/, que também fazia parte do produto final.






segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Meu próximo game...

Pesquisa e ideias


Apesar de devagar, todo mês faço alguma cosia do meu próximo game, que será uma mistura do clássico dos Arcades Altered Beast com elementos de Culturas do Continente Africano, em especial as de matriz linguística Ioruba. A pesquisa está feita, li bastante na internet, vi filmes, comprei dois livros de contos que achei nos sebos e li ambos. Desta pesquisa fiquei com muitas anotações, e agora já tenho bem definida a narrativa, personagens, estágios, inimigos, e princípios para o level design. O detalhe importante, e que custei a chegar, foi a definição do nome.


"Jürui"

O game que conhecemos aqui como "Altered Beast" se chama no original japonês "Jüöki", algo que se traduz como "Beast King Chronicles" (as crônicas da besta rei). Mesmo a versão americana do game mantém o logo em japonês. Como uma homenagem ao clássico dos arcades, o melhor que consegui chegar foi o título "Jürui", algo que se traduz (segundo o google) simplesmente como "Beasts". Em português me ocorreu também algo como "Cronica das bestas ancestrais", mas não consegui chegar a um nome curto a partir daqui. Se você tiver alguma sugestão, deixe nos comentários com a explicação do por quê do nome.


Teste Engine ARGS


Já faz algum tempo que eu fiz umas experiências no ARGS (Arcade Game Studio) para ver se era possível fazer algo semelhante ao Altered Beast nele. Apesar das limitações e adaptações, acredito que é possível conseguir algo que passe a mesma sensação. Abaixo algumas gifs dos meus testes utilizando gráficos do arcade e da versão de master System:


Pré-produção em Imagens.


Vou devagar, mas já tenho algo mais que rascunhos. Já fiz artes conceituais do personagem principal, seus estágios de "power up", e a forma das 5 bestas que ele irá se transformar em cada estágio. Por último comecei a fazer desenhos dos chefes de fases. Alguns destes desenhos que fiz até aqui:



Aos poucos vou fazendo a arte conceitual dos demais chefes, depois dos inimigos, itens, cenários, e por fim "cutscenes". Dessa vez vou experimentar desse jeito, devagar, fazendo desenhos detalhados e coloridos nesta fase de pré-produção, que pretendo estender até o final do ano. meu cronograma é começar a produção dos gráficos e sons no começo de 2017.

Edit: Vídeo da versão de Mega Drive do Alteread Beast, que tem efeito de paralax no cenário (em postagens anteriores do blog tem o vídeo da versão original de arcade):




domingo, 4 de setembro de 2016

Aulas e Cinema...

Aulas sobre História do Cinema


Passados um mês do retorno as letivo sinto que agora minhas aulas estão engrenando em uma direção interessante. Entre várias possibilidades de escolhas entre que filmes passar, até agora tive a felicidade de ver os alunos corresponderem com alegria e interesse os filmes que levei. Mas vamos do começo...

Viagem à Lua (1902) - George Mèliès


Comecei com um filme de 15 minutos, e assistimos a versão colorizada. Conversamos a respeito, levantei dados do filme, e os alunos fizeram uma atividade com seus próprios celulares. A atividade era simples, consistia em eles gravarem um vídeo de alguns segundos que se utilizasse da "mágica" do desaparecimento que Melies utiliza bastante em seu filme de 1902 (parando a filmagem, modificando a cena sem mover a câmera, e continuando a filmar). É um trabalho de edição que hoje se faz sem esforço com telefones celulares. Os alunos curtiram bastante a atividade, pena que eu não tinha como ter os vídeos, que estavam em seus celulares. Mas, por exemplo, um grupo filmou a ilusão de que um colega sentava em uma cadeira, quando de repente a cadeira desaparece e o aluno cai de bunda no chão. Outros sumiam por detrás de colunas o pátio do colégio.


Além da atividade de fazer os vídeos, os alunos estão me entregando um resumo a respeito do filme. Depois de receber um monte de trabalho copiado igualzinho da internet, resolvi fazer o seguinte: escolhi um texto retirado da internet, e juntos, em sala, "fichamos" o texto, lendo, sintetizando, e anotando no quadro em tópicos, o que deveria ser prontamente anotado no caderno dos alunos. Em casa, é a partir deste fichamento que eles estão tendo de criar um texto com suas próprias palavras para me entregar.



O Garoto (1921) - Charles Chaplin


O filme tem aproximadamente 50 minutos, e é um ótimo exemplo do cinema mudo em sua melhor forma. Antes de assistirmos eu conversei com eles sobre a "linguagem" do cinema mudo, e pontuei o seguinte: 1) Overacting: a atuação exagerada e teatral necessária devido a ausência de sons; 2) Intertítulos; os textos e diálogos exibidos na tela, só usados quando realmente necessários; 3) Fotografia: o trabalho de luz e sombra, que nos filmes Preto e Brancos carecem do cuidado pra não deixar a imagem cinza, com bom contraste; 4) Maquiagem: feita para dar expressividade nas linhas do rosto, por exemplo; e 5) Música: que dá o ritmo e o tom geral da cena, ajudando a criar o clima e nos preparar emocionalmente para a cena.




O mais incrível de exibir esse filme para alunos adolescentes, na escola, quase 100 anos depois de seu lançamento, é o quanto ele tomou a atenção dos alunos. Me surpreendeu que até aqueles que de início torceram o nariz para o filme, dizendo como "filme mudo, vai me dar sono", ou ficando de conversa paralela durante o início do filme, logo passaram a prestar atenção á narrativa. Riam das piadas, ficavam tensos nos momentos mais dramáticos. O intertítulo do começo "um filme com um sorriso, talvez até uma lágrima" se cumpriu em todos nós que assistíamos. Ao final, a maioria dos alunos gostou bastante do filme, assim como perceberam os elementos da linguagem do cinema próprios dos filmes mudos.

Agora partiremos para filmes mais longos e densos, primeiro Metropolis, de Fritz Lang, uma distopia do cinema Expressionista Alemão, e ainda sem ordem definida: Electroma, Playtime, e outros a pensar, o que sei é que vou pelo caminho de filmes com temas distópicos. Como sugestão de um amigo, posso de vez em quando mostrar para os alunos imagens de influências destes filmes clássicos na cultura pop atual (no cinema, música, videogames, por exemplo).