sexta-feira, 8 de setembro de 2023

O Purgatório de Virgílio ZX 2.0 - mais que uma atualização...

(click here for English Version)

Sim, mais que uma atualização, é o jogo praticamente refeito e ampliado com quase o dobro de conteúdo. Por que eu inventei de fazer isto? Deu vontade, e acho que esta deve ser aversão definitivadeste jogo.

Esta versão, muito mais do que consertar bugs e calibrar a gameplay, reedita completamente o jogo, modificando alguns elementos centrais no jogo, e adicionando muito mais conteúdo. Mais do que uma atualização, é quase uma sequência do jogo de 2021 para zx spectrum. Quando fiz a versão de MSX eu adicionei conteúdos por conta da pequena memória extra que o compildor de MSX permite. Eu desejava de alguma forma colcoar a versão de ZX a par, e no fim fiz algu muito maior, não só adicionando o conteúdo extra da versão de MSX, mas expandindo o jogo em praticamente um segundo game.

O jogo agora é dividido em dois capítulos, tendo o primeiro praticamente todo o conteúdo do jogo de 2021, mais uma música e áreas extras, e um segundo capítulo com músicas, áreas, e bosses novos. No primeiro capítulo, ou Lado A da fita, você joga no Alto Purgatório, e recupera as habildades de virgílio. No segundo, o Baixo Purgatório, você continua com as mesmas habilidades, encontra algumas chaves para pdoer seguir adiante, e enfrenta outros chefões. A segudna parte é um pouco mais linear, apesar de ainda exigir que você retorne a áreas com as chaves, principalmente para recuperar todos os chipes.

Gráficos foram aprimorados, detalhes extras e cores foram adicionadas mantendo a estética geral da versão de 2021. Os controles e as mecânicas de jogo foram aprimoradas, principalmente o ataque da cabeça quando você pega o powerup que faz ela retornar automaticamente para o corpo.

Agora os corações, que ampliam seu quadro de vitalidade, não estão mais espalhados pelo purgatório, e você amplia seu quadro de corações em 1 a cada chefão que derrotar. No lugar dos corações agora existem chipes, 5 em cada capítulo, para você recuperar as memórias de Virgílio quando era vivo. Ao final de cada capítulo o jogo vai lhe dizer quantos chipes do total você conseguiu coletar.


Principais novidades da versão 2.0

- Quase o dobro de tempo de gameplay

- 3 novos chefes de fase que se somam aos 4 que já existiam

- 3 músicas extras, totalziando 7 como na versão de MSX

- Vários inimigos novos, além dos que já existiam

- 50 telas novas organizadas em uma nova área, o Baixo Purgatório.

- 10 chipes para coletar (5 em cada capítulo) e conhecer a história de origem de Virgílio

- Novos detalhes gráficos nos cenários antigos.

- Novas telas de carregamento, uma para cada capítulo.


Algumas capturas detelas telas e um texto extra a respeito:
















Algumas palavras a mais, agora em 2023:

Logo abaixo tem o texto que escrevi no "leia-me" da versão de 2021 do jogo. estes tem sido anos intensos, para o bem e para o mal, com tanta coisa acontecendo na vida e no mundo. Em poucos anos parece que se deu um acúmulo grande de tudo: fatos históricos, emoções boas e más, altos e baixos, mas também sabedoria e conhecimento.

Relendo o texto logo abaixo vejo a conexão entre o que eu estava pensando e fazendo com o trabalho de meu amigo e intelectual/artista Luiz Souza, e coisas que vieram a culminar no grupo da "Gang do Lixo" e "Manifesto da Arte Anacrônica". Já estava na cabeça que 2022 era importante por conta dos 100 anos da Semana de Arte Moderna de São Paulo, e que era preciso atualizar algumas de suas ideias para a babilônia ultra conectada e informacional do século XXI.

Eu não poderia fazer nada disso sozinho, e foi na parceria com o Luiz Souza e contribuindo com o Grupo da Gang do Lixo que conseguimos sintetizar o que antes eram ideias ainda coletivas e um pouco desconexas em uma proposta estética e leitura do estado social da arte no nosso tempo. Soa como algo realmente ambicioso colocado desse modo, ainda mais vindo de um mero desenvolvedor de jogos que circulam apenas em um nicho dentro de um outro nicho de videogames retrô, de uma já limitada mídia em termos de alcance estético que é o videogame (não por culpa da linguagem dele em si, mais pelo foco da indústria cultural no fator de puro entretenimento). Soa ambicioso por que o é, e a vida de artista é feita dessa coisas, inclusive da necessidade de pensar grande. Leia o "Manifesto da Arte Anacrônica" e tire suas próprias conclusões a respeito.

Está ai, mais uma versão de O Purgatório de Virgílio, algo que nuca foi é um trabalho só meu, inspirado em uma riqueza cultural grande, com contribuições da minha companheira a Ju desde aversão de 2016, e agora com as contribuições do Luiz Souza que escreveu "A Canção de Virgílio", além de toda sua relação com a proposta de Arte Anacrônica, o que o texto de lançamento de 2021 não me permite omitir.

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(texto original de 2021)
Algumas palavras a mais sobre a narrativa e contexto deste jogo:

Eu não canso de repetir que meus jogos são o meu produto de arte, e que encaro o jogo como uma linguagem estética com suas particulariedades tanto quanto o cinema, os quadrinhos, as artes plásticas, a literatura, ou o que você puder imaginar. Estou nessa "pesquisa" de entender essa linguagem, e explorar suas possibilidades, já fazem alguns anos, aprendendo tanto a parte mais "técnica" (a programação, o desenho de interação entre jogador e jogo, etc), quanto a parte mais artística, e não só fazendo as músicas e gráficos mas entendendo como isso tudo se articula na narrativa do jogo. E o tema escolhido é sempre muito importante nessa equação.

O Purgatório de Virgílio é (foi em 2016 quando fiz a primeira versão, para PCS, participando de uma Game Boy jam, e o é novamente, agora de forma mais consciente) meu manifesto de que um jogo brasileiro pode abordar temas regionais sem ser necessariamente "regionalista" ou menos ainda tradicionalista. Quando eu escolho pegar elementos da história do cangaço, da literatura popular de cordel e tudo que se relaciona a ela, e faço relação e diálogo com a Divina Comédia de Dante Alighieri, eu quero dizer que um não é mais importante que o outro em termos culturais. E que, claro, sendo brasileiro, me é interessante abordar temas daqui, mas sem reduzir-los á qualquer gueto ou margem, mas pelo contrário, fazendo o movimento de inserir-los na cultura universal humana. Por que o que temos culturalmente de diferente do resto do mundo é o que temos de mais rico e único, e ignorar nossa cultura seria também me empobrecer artisticamente.

Daqui a um ano, em 2022, farão 100 anos da Semana de Arte Moderna no Brasil. Sua importancia não cabe aqui nesse parágrafo, mas em resumo os modernistas deixaram claro que era preciso "antropofagizar" o estrangeiro, "comer eles", e assim parir o novo, mesmo que de forma caótica. Não basta se apoiar na tradição cultural, que é sim importante, mas é preciso ir além. Posteriormente, o movimento da Tropicalia atualizou este entendimento, e deixou ainda mais claro que o oposto também não nos serve: apenas imitar o estrangeiro como um "vira-lata" neo colonizado é talvez ainda mais miserável e pobre culturalmente, e que a "antropofagia" devia ser ainda mais radical. Em certa medida, o manifesto Mangue Beat, encabeçado por bandas de Recife como o Nação Zumbi, fez nos anos 90 uma nova atualização da atropofagia modernista, agora num mundo muito mais urbano que rural.

É sem medo da estatura destes grandes que eu me insiro nessa mesma busca, e eu não estou sozinho. Repito então, "O Purgatório de Virgílio", meu joguinho retrô, independente, obscuro, conhecido por poucos, foi meu manifesto nesse sentido em 2016, e o faço com ainda mais propriedade agora em 2021.

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Você pode ler mais textos que escrevi sobre o lançamento do jogo em 2021 em meu blog, nos seguintes links:







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